sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DIA 6 - ST LOUIS - CHICAGO - 512 KM RODADOS

Antes tarde do que nunca! :-)

Ontem na chegada a Chicago rolou a maior dificuldade com a Internet no hotel (que continua rolando, diga-se de passagem, é impressionante o quão ruim o acesso à web é ruim na maioria dos hotéis americanos) e ficamos sem o update do dia. Mas vamos lá!!!!

Antes de mais nada leitores mais atentos devem estar se perguntando: "Chicago? Mas os caras não iam pra Davenport e só no dia 7 chegariam a Chicago depois de Massar por Milwaukee"? Pois é era o previsto, mas mudamos os planos (pra isso que existem planos... hehe). Fizemos uma pesquisa mais profunda na Internet sobre os atrativos de Davenport, e descobrimos que existem por lá alguns museus. Ir por Davenport deixaria um trecho bastante longo no último dia, que é quando pretendemos passar na fábrica e museu da Harley-Davidson, e portanto, tornaria a visita uma correria. E ainda, se mudássemos o trajeto indo de St Louis direto a Chicago, reencontraríamos um bom trecho da Rota 66, e seria bacana rodar novamente pelos caminhos que rodamos seis anos atrás, dessa vez em sentido contrário. Assim, a somatória de falta de apetite pros museus de Davenport + intenção de ter mais tempo para a visita à HD + Route 66 = ida direto a Chicago!

Rodamos um bocado neste sexto dia. Em quilometragem, o mesmo que em dias anteriores, mas como percorremos uma boa parte do trajeto pela 66, a viagem obviamente fica bem mais lenta. Também foi um dia de frio intenso e muito pouca chuva, apesar de ela ter sido anunciada pela previsão no dia anterior.

Primeiras 100 milhas na chatice das highways. Depois disso, estradas vicinais até chegar novamente à Mother Road. Chegamos à Chicago no final da tarde num trânsito infernal. Chicago é uma cidade muito grande, com um centro relativamente compacto e tomado por arranha-céus. É um importante centro financeiro e, como toda metrópole, possui trânsito muito intenso. Mas conseguimos chegar ao hotel onde ficamos hospedados em segurança e constatamos sua ótima localização.

No tradicional Jack'n'cooke do final do dia antes da janta começar foi dia de reflexões sobre a estrada e o que viagens como essa representam pra nós. Quem acompanhou blogs anteriores sabe que a proximidade do fim da viagem torna os ogros mais reflexivos... Ontem não foi diferente. Sempre afirmo que o motociclismo, pra quem gosta, é uma terapia muito mais interessante do que o consultório do terapeuta. A coisa rola mais ou menos assim: dois primeiros dias: barulho na cabeça decorrente da conexão ainda presente com os problemas do cotidiano; terceiro dia: descompressão; quarto dia em diante: silêncio na mente e espaço pra coisas novas. Há sempre uma certa mística envolvida em uma viagem como essa e muitas vezes uma fantasia associada a farra, mulheres e confusão. Nada poderia estar mais equivocado. Essas viagens são um exercício de autoconhecimento e descompressão, onde o vínculo de amizade e cumplicidade entre nós, amigos da estrada e principalmente da vida; trabalha a favor de uma evolução individual a partir do coletivo. É fácil entender porque a maioria das pessoas talvez tenha dificuldade de entender. É muito raro conseguir estabelecer um grupo de pessoas/amigos que consiga fazer tantas viagens juntos sem jamais ter tido um stress significativo ou sem que o grupo acabe rachando em um ou mais momentos. Isso é raro!!!! E é isso que faz por exemplo que anteontem estivéssemos no meio de um bar em Nashville com música rolando no palco e conseguíssemos estar completamente alheios a tudo que estava acontecendo numa espécie de catarse entre nós mesmos celebrando a amizade, a vida e as coisas boas que o Universo de alguma maneira nos proporciona quando corremos atrás. Temos ainda a sorte de termos no Brasil mulheres e namoradas excepcionais, que são capazes de um puta exercício de desprendimento e muita sabedoria pra entender e compreender que o que nos trás a "aventuras" como essa não tem nada a vez com sacanagem e um passe livre pra fazer o que quisermos, mas sim, com os fatores que comentei anteriormente. Sempre reafirmo que é impossível voltar de uma viagem como essa igual. Mais uma vez, a prática confirma a teoria! :-)

Agora chega de filosofia de boteco! :-)

Ontem a noite nos refestelamos em uma steak house chamada Capital Grille. É uma na mesma linha de outras que existem em todo o território americano (estilo Morton's, Ruth's Chris e por aí afora) onde a carne é soberba, o serviço impecável, e a conta astronômica! :-) Mas achamos que merecíamos o privilégio de trucidar um Porterhouse (um bifinho de quase um quilo) com Guiness gelada e um Laphroaig pra rebater no final como forma de celebrar a chegada em Chicago.

Na volta pro hotel, passamos pelo Legends, o clube de blues do Buddy Guy onde abrimos a viagem pela Rota 66 seis anos atrás (estamos hospedados a uma quadra do lugar). Que decepção..... Nossa memória do Legends era de um bar tosco e meio escuro, com um puta palco cheio de negão tocando com a alma, baldes de asa de frango desumanamente apimentadas, pints de cerveja servidos no balcão e audiência interessada em música de verdade. Encontramos um local refinado, totalmente reformado, com mesas na frente do palco e uma bandinha de uns engomadinhos tocando um blues que mais parecia uma espécie de jazz de 12 compassos sem energia, sem vibração e sonolento (acreditem, o sono não era decorrente de todo o sangue do cérebro estar concentrado no estômago pra dar conta do Porterhouse.... hehe). O Legends ficou bem legal pra rapaziadinha que quer ir num lugarzinho bacana, com bom atendimento pra posar de "curtidor de blues". Mas pra quem viu o "palco" do Reds em Clarksdale infestado de gente emprestando a alma para as guitarras, baterias, contrabaixos e microfones, assistir a bandinha empacotada e engomada no Legends ficou simplesmente intragável....  É como eu disse: não há como voltar de uma viagem como essa sem algumas transformações... ;-)

#partiuMilwaukee


PARADA PELO CAMINHO AINDA À BEIRA DO MISSISSIPI 


MOMENTO BROCKEBACK MOUNTAIN À BEIRA  DO RIO (cinco marmanjo mal encarados fazendo posesinha na beira do riozinho.... kkkkk)


MOMENTO PORRADA NO MONTANHA PRA RECUPERAR A MASCULINIDADE... :-) 


REEDIÇÃO DE FOTO QUE TIRAMOS NO MESMO LUGAR, SEIS ANOS ATRÁS, NA ROTA 66. ESSE FOI O RESTAURANTE ONDE FIZEMOS O PRIMEIRO ALMOÇO DA ROTA NAQUELA OPORTUNIDADE. 


GET YOUR KICKS ON THE ROUTE 66 



MOMENTO FIGHT PRA REAFIRMAR A MASCULINIDADE... KKKKKKKK